O INCUBO
EDUARDO P. F. NETO
Uma terrível cirrose provocada pelo excesso de bebidas alcoólicas provocar a morte de Adalberto ainda jovem. Tornou-se viciado na bebida desde cedo e nunca mais parou.
Chegou ao hospital com uma crise irreversível e ali morrera.No velório só alguns amigos, também bebuns.
A noite, o corpo já enterrado, sua alma em desespero queria tirá-lo dali. Procurava cavar a sepultura, queria sair dali de qualquer forma. Por fim...
_ E aí galera posso fazer companhia a vocês? Perguntou Adalberto numa voz engrolada de quem “já estava pra lá de Bagdá”
_Quem é você? Perguntou Mário que parecia ser o líder daquele grupo, também com a voz já um bocado alterada pela bebida.
_ Eu, eu sou quem sou, que é que é? Podem me chamar de Adalberto.
_ Tá bem, tá bem, não precisa se alterar não; puxe uma cadeira e sente por aí, concordou Mário.
O Saralho naquela hora estava quase vazio, eram quase uma da madrugada.
Adalberto puxou uma cadeira e colocou-se entre dois outros também já bastante alterados. Garrafas de cerveja, vodka e gin estavam espalhadas pelo chão.
_ De onde você é Adalberto? Perguntou Victor.
_ Eu sou de lá, de lá.
_ De lá de onde? Insistiu Severino
_ De lá, de lá.
Vendo que não adiantava insistir não fizeram mais perguntas e trataram de continuar a beber e a contar piadas.
Lá para as três horas, todos mais bêbados que o costume Mario falou: pur hoje chega, vamo imbora.
_ Vou fazer xixi, volto já. Disse Adalberto levantando-se. Se equilibrando como podia dirigiu-se ao sanitário.
_Ó, Ó, Ó, Garçom, garçom, traga a conta, pediu Mario.
O funcionário pôs a conta em cima da mesa. Mario passou a analisá-la.
_ Essa conta tá errada; eu tô bêbo, mas não tô morto não. Ocê pôs mais cerveja na conta do que gastamos. Conte direito aí no chão, só tem vinte garrafas de cerveja e aqui tem vinte e cinco; tá querendo me ingrumpi? Vá dizê prô seu patrão que num sou bobo não.
O garçom envergonhado pegou a conta e voltou depois com outra com as quantidades corretas.
-E agora pessoal, quero vinte mangos de cada um; cadê Adalberto?
Nesse instante uma sombra fria, gelada mesmo, passa ao lado deles provocando um arrepio esquisito em todos. Alfredo foi ao sanitário procurar Adalberto.
_ Sumiu, o vagabundo. Gritou.
Naquele instante tiveram a consciência de que tinham passado a noite em companhia de uma alma penada. Apavorados, saíram às pressas dali cambaleando e tropeçando em tudo.
Alguns pararam de beber, outros nunca mais voltaram àquele lugar.
FIM
quarta-feira, 23 de julho de 2008
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Um comentário:
Bárbaro seu Eduardo, situar a história no Saralho! E que história! Parece que o senhor gostou mesmo desse lance de mistério e fantástico e tem se saído lindamente. Parabéns!
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