BRUNEHILDA
UM VAMPIRO DIFERENTE
Cap. 1º
Era uma mulher terrivelmente bela. Cabelos e olhos negros, brilhantes, os lábios carnudos, com uma pintura quase roxa. Seu corpo extraordinariamente modelado movimentava-se em meneios sensuais , num vestido de cetim negro; decote bastante generoso, mantilha vermelha salpicada de pequenas estrelas prateadas. Uma tiara de ouro completava seu figurino
Um perfume de combinação especial de essências deixava enlouquecidos os homens daquela festa de debutantes, filhas de conhecidos figurões da sociedade, de uma cidade distante.
. Relanceando o olhar pelo salão encontrou um jovem adequado ás suas necessidades, dentro em pouco Alberto, totalmente subjugado, foi levado a seu castelo
No subterrâneo do castelo, um templo dedicado às entidades goéticas, em sua parede sul uma figura infernal dominava o ambiente. No centro do salão um pentagrama invertido rodeado de velas negras; um incenso mal cheiroso evolava de um fogareiro.
Brunehilda gritava imprecações e promessas de sexo com satã em troca da vitalidade de Alberto, que sentado num banquinho entre as pontas do pentagrama tudo assistia sem reação, totalmente impotente.
Cap. 2º
No dia seguinte na empresa em que Alberto trabalhava, estranharam sua prolongada ausência . Passaram-se três semanas; de sua residência e nada souberam informar.
Áureo um jovem colega de trabalho, estudioso das ciência ocultas, preocupado, domingo, deitou-se num divã e concentrou-se no amigo. Em poucos instantes lhe veio à visão o corpo de Alberto envolvido por enorme aranha cujas garras negras e peludas lhe sugavam violentamente a vitalidade. Viu também uma igreja com um relógio em todas as faces da torre, um cata-vento com um galo em cima e também uma estação ferroviária com o nome da aldeia. Sua visão mostrava agora a aranha a se retorcer e fincar mais suas garras no corpo do rapaz..
Áureo contou o caso a seus chefes que lhe deram uma semana de licença para tentar salvar o amigo.
Não foi difícil localizar o castelo; à sua chegada as portas abriram-se misteriosamente, caminhou pelo hall e intuitivamente foi em direção a um aposento à sua frente; a porta abriu-se também de forma misteriosa era a entrada do subterrâneo, continuou seguindo em frente. Uma cortina de veludo escarlate impediu-lhe a passagem; abriu-a e no centro do salão viu o amigo jogado ao chão, no meio de um círculo rodeado de velas pretas, o mesmo incenso fétido impregnava todo o ambiente. De pé, desafiante Brunehilda, numa voz melíflua chamava:
_ Venha, estava lhe esperando.
_ Mulher maldita, o que fazes?
_ Bem sabes o que faço, porque perguntas?
_. Venho pedir-te por esse rapaz.
_ Pedir? Ah, Ah, Ah, pedir! Você vem me pedir? .
_ Sim, venho pedir-te retrucou Áureo humildemente.
_ Pedes inutilmente. Investi muito nesse infeliz, não vou dispensá-lo sem mais nem menos.
_ Pede o que quiseres: dinheiro, ouro, qualquer coisa.
_ Ah, Ah, Ah, não banques o inocente, não preciso destas coisas., mas poderás consegui-lo.
_Como? Qual é o preço?
_ Tu o substituirás!
O coração de Áureo bateu aceleradamente, Não estava preparado para aquilo. Se aceitasse a troca para salvar o amigo, após sugado em toda vitalidade, seria jogado semi morto em qualquer beira de estrada.
"Prova de amor maior não há, que doar a vida pelo irmão", esse verso passou a lhe martelar a cabeça. Como eram bonitas aquelas palavras, mas quão cruéis naquela situação. Ele ainda jovem em fase de treinamento espiritual avançado de repente ter de fazer tal barganha com aquela mulher que lhe olhava zombeteiramente. A humanidade sairia perdendo com aquela troca. Alberto era um bom rapaz, mas teria de voltar ainda muitas vezes à terra para alcançar seu grau de espiritualidade. Alberto neste estágio de vida só pensava em gozar dos prazeres da vida.
_ Em que pensas? Achas o meu preço muito alto ? Deixarás morrer o teu amigo? Onde está o amor que tanto pregas?
Áureo estava meditativo, pensando sobre as conseqüências do que iria fazer, de repente levantou altivamente a cabeça e disse:
_ Muito bem, mulher cruel, aqui me tens despojado de qualquer indecisão. Toma-me em substituição à tua inocente vítima.
_ Aguarde um pouco!
Brunehilda voltou-se para o altar e em terríveis imprecações comunicou à sua entidade satânica o que iria fazer. Ao longe ouviu-se uma gargalhada debochada. Pronunciou uma invocação, apagou as velas, retirou alguns objetos rituais do círculo traçado com carvão, apagando-o em seguida.
Ao som de uma sineta surgiram alguns criados que levantaram Alberto. Deram-lhe uma beberagem e em pouco tempo o rapaz ficou consciente.
_Oh, onde estou? Áureo o que veio fazer aqui? Por que é que eu estou aqui?
Olhou à sua volta e se deparou com Brunehilda, mas não tinha a mínima idéia do que lhe acontecera. Havia também perdido a noção do tempo.
_ Áureo o que veio fazer aqui? - perguntou novamente.
_ Nada perguntes Alberto. Saia daqui.
Tirou algum dinheiro do bolso e deu ao amigo. Há um táxi esperando aí fora, volte imediatamente para sua casa. Um dia, talvez, saberás o que aconteceu.
Alberto se foi, Áureo ficou no castelo à disposição da megera..
Cap, 3º
No centro do círculo a nova vítima e a megera totalmente despidos; pronta
toda aquela satânica parafernália Brunehilda iniciou suas evocações às infernais entidades. Alguns momentos após estava como que possuída pelo demônio, soltava pelas narinas dilatadas uma fumaça sulfúrica, os olhos esbugalhados, injetados de sangue, como que a lhe saltar das órbitas dardejavam faíscas de fogo sobre a vítima. A bela e brilhante cabeleira agora totalmente desgrenhada, parecia espinhos enormes. Após alguns passos esquisitos de dança começou a dar voltas em torno do círculo onde Áureo consciente de tudo, aguardava o desfecho daquela cerimônia infernal. De pé olhando para o rapaz a megera riu triunfante e jogou-se sobre ele, procurando se ajustar perfeitamente ao seu corpo. Procurava unir todos os seus centros vitais com os do rapaz e assim nessa posição por força de formidáveis segredos sugar-lhe a vida.
Áureo aceitou humildemente a tudo aquilo entregando sua vitalidade em troca da vida do amigo. Por quantos dias teria que passar por aquele sofrimento até ter sido totalmente sugado, não tinha a menor idéia, mas estava consciente de que durante algum tempo teria que se entregar aquele sórdido ritual até que seu organismo não tivesse mais capacidade de recuperação.
Um grito de terror ecoou à distância. Uma ventania estranha fez tremular as chamas das velas, que por fim se apagaram. A megera ficou totalmente perturbada. Nunca fora interrompida assim em plena operação. Sobressaltou-se. O que viu deixou-a furiosa e aterrorizada. Um ser de elevada espiritualidade, com uma esplendorosa auréola dourada estava diante do círculo. Pulou assustada e caiu urrando, contorcendo-se desesperadamente.
_Mulher terrível, tua faina nefanda chegou ao fim! - falou-lhe a entidade.
_Não, não! Ó potências infernais, vinde socorrer tua serva. Ó Belzebu, ó entidades do mal. vinde acudir vossa escrava , não me abandonem!
Uma gargalhada de deboche foi desaparecendo ao longe.
_ Teus senhores nada podem agora fazer por ti. Volta ao limbo de onde viestes!
Assim dizendo a entidade apôs sua mão direita sobre a cabeça do vampiro
que contorcia-se desesperadamente.
_Não, não, tem piedade!
Como um balão de ar, a megera foi murchando aos poucos, até desaparecer totalmente.
_Meu filho, tu destes neste momento a maior prova de amor que uma pessoa pode dar neste mundo fenomênico.
_Será que estou morto? - pensou Áureo.
_ Não meu filho, não estás morto. Mas neste momento é que como que o estivesses,
seguirás agora comigo para um monastério secreto onde passarás a ter um treinamento mais avançado.
Áureo relutava.
_Meu emprego, minha família o que será dela?
_ “Deixe que os mortos enterrem seus mortos, vamos!
Dizem que durante muito tempo quem à noite passasse por aquele castelo ouvia os terríveis gemidos do vampiro.
F I M
sábado, 9 de agosto de 2008
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