sábado, 19 de julho de 2008

O SUCUBO

O SUCUBO


Joaquim estava passeando sem rumo pela Av. São Luiz por volta das vinte e três horas. Pensava em sexo, buscava uma fêmea. Era um elemento bastante ativo nesta questão, bonitão, alto, moreno, sempre tinha alguma mulher a disposição mas por questões não muito claras, estava já há dois meses sem relações sexuais. Para um tipo ativo e namorador como ele, era uma situação que já beirava ao desespero. Jamais havia passado por tamanho vexame. Sempre evitara as prostitutas, mas do jeito que estava se dispunha dar em cima da primeira mulher que aparecesse, fosse o que fosse.
Assim, estava ele perambulando com os olhos acesos, olhando para todos os lados à caça de uma presa fácil, quando a pouca distância nota uma mulher parada à beira da calçada, aguardando um carro passar para atravessar a rua.
Aperta um pouco o passo e logo chega junto. Era uma mulher jovem, loura, muito bonita, toda vestida de preto. E ele adorava as mulheres de preto. Sempre achara que esta cor combinava muito com as mulheres, principalmente se eram claras e louras como aquela que estava agora ao seu lado.
A jovem correspondeu com um encantador sorriso ao cumprimento que o rapaz lhe fez e os dois iniciam o diálogo, próprio do velho jogo do amor em que uma das partes quer conquistar e a outra quer ser conquistada mas se faz de difícil. Por fim a outra parte cede, também ardente de secreto anseio.
Atravessam a rua e continuam a caminhar pela calçada sobre os assuntos comuns aos namorados, quando a jovem pára e abre um portão, convidando-o a entrar. Joaquim está com o coração aos pulos, afinal conquistara uma bela mulher e por fim iria quebrar o involuntário jejum. Entram, após alguns instantes estão os dois despidos deitados numa confortável cama, trocando juras de amor, num interminável colóquio amoroso. Por fim, consumado o ato sexual o jovem rola para o lado, feliz. A jovem entretanto continua insatisfeita e por diversas vezes incentiva o rapaz para novas atuações até que o vê totalmente sem condições de atuar mais, deixando-o então adormecer.
O jovem acorda sobressaltado com o sol a lhe bater no rosto, procura a companheira da noite e não encontra. Naquele instante, horrorizado, se dá conta de que está deitado sobre uma tumba, no cemitério da Consolação.
Levanta-se assustado e sai correndo despido, completamente desvairado pelo cemitério a fora, para onde tinha sido atraído por aquela alma também sedenta de sexo.
Durante um longo tempo passou a olhar para as mulheres com profunda desconfiança. A lembrança daquela noite ficara indelevelmente gravada em sua memória.

FIM

3 comentários:

Ursulla Mackenzie disse...

Olá Eduardo! Estou gostando de ver...explorando o fantástico!Um bom conto e interessante! Parabéns!

Olga disse...

Que bacana, Eduardo! Medos meus à parte, gostei muito! Lembrou-me de uma história (desconheço o autor agora) chamada Dez Noites de Amor, em que um homem dormia com uma alma penada por 10 noites e só ápós a última dessas noites descobria a verdade! Adoro essas histórias, mas depois tenho que dormir de luz acesa. Abraços carinhosos,
Olga.
ps: aguardo ansiosamente o Incubo (? é assim que se escreve?).

Nanete Neves disse...

É,Eduardo, pelo visto o mundo do além te pegou....rsrs Mas fantasmas são muito bem vindos na literatura, e podem render até contos bem humorados! Apodere-se deles!!!