quarta-feira, 25 de junho de 2008

A Vidente- Terceiro Capitulo

A VIDENTE
TERCEIRO CAPÍTULO

_ E aí.meu bem, já conversou com seu marido?
_ Ainda não.
_ O que está esperando?
_ São as crianças, Raul.
_ O que têm as crianças?
_ Não posso deixá-las nas mãos do José.
_ Bem, você é quem sabe; são elas ou eu.
_ Não posso perder seu amor Raul.
Cansada e roída pelos ciúmes Guiomar procura nos
braços de outro o amor que não encontrou no marido.
_ José, não dá mais, vou pedir o divórcio de você.
_ Você está doida Guiomar?
_ Sim, doida de paixão por outro homem que me dá o amor que você me nega, entregando-se aos braços de outras mulheres. Já não agüento mais essa situação. _ E as crianças?
_ Pode ficar com elas.
_ Como é que eu vou ficar com as crianças, Gui?
_ E problema seu, quem sabe, uma de suas vagabundas não fica com elas?
_ Você enlouqueceu de vez.
_ Louca ou não. Hoje mesmo vou deixar essa casa para não mais voltar.
Guiomar, sob as vistas indignadas do marido arrumou suas coisas, pôs todo dentro do carro e sumiu. Os filhos nada viram, estavam na escola. Dirigiu-se à casa do amante que a esperava impaciente.
José, desesperado, sem saber o que dizer aos filhos e como irá criá-los sozinho andava impaciente de um lado para outro.
_ Alô, Margarida?
_Sim
_ Meu amor, estou precisando urgentemente de você.
José conta sua história para uma das mulheres com quem saía vez por outra.
_ Você está maluco? respondeu Margarida você acha mesmo que eu vou cuidar de filhos de outra. Não vou mesmo procure outra!
José liga inutilmente para outra de suas aventuras.
Lembrou-se então de sua mãe, senhora já idosa, como último recurso.
_ Mãe?
_ Sim filho, o que queres, o que aprontaste desta vez?
_ A Guiomar me deixou, inclusive com as três crianças.
_ Também, o que você queria, isso iria acontece mais cedo ou mais tarde. Até que durou muito!
_ Preciso que fique com as crianças até conseguir uma solução melhor para elas.
_ Está bem, está bem, pode trazê-las. Elas já sabem disso?
_ Ainda não.
As crianças voltam da escola e estranham a presença do pai àquela hora.
_ A mamãe precisou viajar com urgência; deixou um beijão para cada um.Vocês vão passar uns dias na casa da vovó, até a mamãe voltar.
As crianças ficam contentes. Amam a avó que conta muitas histórias bonitas e lhes dá muitos doces e brinquedos.
José não se conforma com o abandono. Já há um mês ela lhe deixou, o processo do divórcio marchava a passos lentos no tribunal. Apesar de tudo ele, a seu modo, ama a esposa e não está aceitando a separação. Nesse tempo ouviu falar numa tal de Mme. Rosa, uma esotérica muito hábil em trabalhos de magia. Vai procurá-la.
_ Mme. Rosa, minha mulher me abandonou com três filhos pequenos para se juntar com outro, preciso que ela volte para mim. Não só por mim, mas acima de tudo pelas crianças.
Essa história do José não estava bem contada. À medida em que o consulente preenchia a ficha de atendimento ela estava vendo em seu astral sua vida pregressa . Não era nada boa.
Era certo que amava a mulher a seu modo e aos filhos, mas era mulherengo, libertino, dava em cima de tudo quanto era mulher.
_ Mme. me ajude, eu não posso ficar sem ela.
_ Muito bem, vou ver o que posso fazer, mas você precisa fazer sua parte. Deixar de lado seu gosto por tudo que é mulher e tratar de manifestar melhor esse seu amor que diz ter por ela e seus filhos
_ Eu prometo Mme que se ela voltar eu vou deixar as outras de lado e viver só para ela e as crianças.
A vidente não acredita muito em sua promessa, mas vai atuar em benefício das crianças.
_ Muito bem, volte dentro de uma semana para conversarmos melhor, enquanto isso, trate de se conter.
A vidente a noite volta ao seu altar, procede ao ritual de praxe e fixa seu olhar na bola de cristal que substituiu o pentagrama entre os demais objetos da mesa.
Um turbilhão de nuvens negras se forma dentro do cristal, mas aos poucos vai se esvaindo para mostrar uma cena terrível.
Um mago negro está diante de seu altar goético, invocando suas entidades infernais. Tem às mãos uma vela azul e outra rosa representando respectivamente Raul e Guiomar. A cerimônia é de amarração. Foi encomendada pelo amante interessado na possível fortuna dela.
Em meio a imprecações e oferecimento de bebida, fumo e sangue animal ele amarra as duas velas com fitas da mesma cor e após seu ritual vai enterrá-las numa encruzilhada deserta.
Mme. Rosa está indignada. A falsidade do amor do Raul é evidente.
A cena no interior do cristal se desvanece. Encerra sua sessão com preces ao Supremo Criador no sentido levar Amor e Luz a toda as criaturas. Seu trabalho, entretanto ainda não terminou. Desdobra seu corpo astral e vai visitar Raul. Encontra-o dormindo ao lado da insone Guiomar que pensa nos filhos.
Puxa o astral da mulher e leva-o até a casa da sogra onde estão vivendo os filhos. Estão dormindo, a saudade aumenta e com ela o remorso. A vidente promove um encontro no mundo astral da alma dela com as dos filhos. A encontro é comovente.
Ainda desdobrada induz Raul a sonhar com outra mulher mais bonita e mais rica que Guiomar. Ele se remexe inquieto. O sonho continua, nele vê que Guiomar não é tão rica quanto pensava .
Uma semana se passa e ele chega a conclusão que sua amante realmente não é rica, o dinheiro é do marido; e já um tanto enjoado com o sexo que faz com ela resolve despachá-la, pois já está de olho numa mulher mais bonita, solteira e realmente endinheirada.
_ Sabe Guiomar, você não é mulher para mim!
_ Como assim Raul?
_ É isso mesmo. É melhor voltar para seu marido e seus filhos, já estou enjoado de você.
_ Mas Raul, como é que posso voltar para o José?
_ Para o José ou para outro imbecil qualquer, para mim tanto faz.
Guiomar não está acreditando no que ouve, baixa a cabeça e vai para o quarto chorando.
Passou-se uma semana. ainda está na casa do amante. O relacionamento entre eles é terrível, Ela dorme num sofá da sala.
D. Rosa mais uma vez em seu corpo astral desdobrado faz-lhe um visita e lhe
induz um sonho no qual ela se vê em diversas situações negando a satisfação sexual ao marido, o que o faz procurar essa satisfação com outras mulheres.
Raul lembrou-se da amarração que mandou fazer e conscientizou-se de que precisava desfazê-la, caso contrário Guiomar não sairia de sua vida. Procurou o bruxo a quem havia encomendado o serviço e pagou para desfaze-lo o dobro do que pagou pela amarração.
À noite daquele mesmo dia Guiomar voltou a sonhar com os filhinhos e com o esposo, “viu-o” ajoelhado, chorando diante da Virgem no altar da sogra. Comoveu-se e acordou chorando. Como fora boba em acreditar nas promessas de amor de Raul.
O que deveria fazer? Humilhar-se e pedir perdão ao José estava fora de cogitações.
_ Você ainda está aqui? Perguntou Raul rispidamente, ao voltar para casa no fim do dia.
Sem nada dizer, vai para o quarto chorosa e humilhada. Cai de joelhos e pela primeira vez lembra de Deus, mas não sabe orar. Assim mesmo põe as mãos em posição de prece, abre seu coração e diz:: Ó Deus, não dá mais; sei que não mereço Tua atenção, Mas perdoa-me. Nesse instante um sentimento de paz invadiu sua mente e ela “sentiu” o que deveria fazer. Levantou-se, arrumou a mala e saiu sem dar atenção a Raul. Pegou seu carro e rumou para a casa da sogra; estacionou-o e dirigiu-se pensativa e preocupada com o que dizer à sogra e aos filhos. Tocou campanhia. A porta abriu e seu filho mais velho atirou-se em seus braços gritando: Ritinha, Paulinho, mamãe voltou mamãe voltou .As crianças correm para a porta e também se atiram a seus braços.
D. Albertina, a sogra, também veio, mas sem tanta euforia.
_ Afinal, cansou da aventura?
_ Perdoe-me D. Albertina, perdôe-me, pediu Guiomar ajoelhando-se a seus pés.
D. Albertina tomada de surpresa diante daquela manifestação da nora a fez levantar-se e abraçadas choraram.
Os filhos atônitos nada entenderam
Por volta das vinte horas José vem à casa da mãe para ver os filhos.
_ Papai, papai, mamãe voltou gritaram os filhos correm para ele abraçando-o
_Mamãe voltou, mamãe voltou, onde ela está, onde ela está? Pergunta o pai, o coração aos pulos
José corre sem esperar resposta; na sala só encontra sua mãe que lhe aponta o quarto. Corre para lá e depara-se com a esposa ajoelhada diante de um altar.
_ Guiomar, Guiomar, meu bem, meu bem!
Ela levanta-se e joga-se em seus braços.
_ Perdoa-me José, perdoa-me- fui uma louca!
_ Não diga nada Gui, não diga nada, fui eu o maior culpado és tu deves me
perdoar
Após essa efusão de sentimentos em que ambos reconhecem suas
mútuas culpas voltam para casa.
José já não chegava tarde da noite em casa e Guiomar não mais recusava por
qualquer razão os desejos sexuais do marido.
Por volta da meia noite Mme.Rosa vai “ver” como estão seus dois pacientes.
Encontra-os abraçados na cama num beijo profundo e apaixonado. Volta então ao seu corpo físico e mais um vez ajoelhada diante do altar agradece ao Criador aquela oportunidade de servir.

2 comentários:

Corações e Segredos disse...

Olá amigo!!
Vim pedir seu voto no blog do Alma Guerreira.
Visite meu blog e la tem o site ok??Desde ja agradeço,,
Beijos e linda semana

Eduardo disse...

Muito bonito seu blog. Parabéns