quarta-feira, 14 de maio de 2008

O JOGADOR COMPULSIVO

O JOGADOR COMPULSIVO

João José Joaquim da Jaqueira jogou-se da janela num jardim de jasmins e ali jazeu até a justa chegar.
Azar de jogador compulsivo levou-o ao tresloucado ato.
A noite em casa sentava-se à mesa e passava horas refazendo as tabelas. Eram cinco tabelas com vinte dezenas cada uma, assim estavam previstas todas as dezenas representativas dos vinte e cinco animais imaginados pelo Barão de Drumond, o inventor do malfadado jogo do bicho.
Daquela forma qualquer que fosse o resultado do jogo ganharia uma soma que lhe daria um regular lucro em uma das tabelas. As tabelas não premiadas teriam dobrados os valores das apostas no dia seguinte.
Uma das tabelas insistia em não ser premiada e o valor de sua aposta já estava sendo insuportável.
Pediu dinheiro emprestado a uma financeira que oferecia juros baixos e longo prazo para pagar. Era impossível que no dia seguinte uma das dezenas daquela tabela não desse para salvar a situação. O fato é que no dia esperado as dezenas da dita tabela continuaram ausentes. A situação agravou-se. Desviou dinheiro da empresa para bancar a aposta do dia seguinte . Era sumamente impossível que naquele dia o número salvador não estivesse contemplado salvando-o do pior.
À hora do sorteio lá estava á frente da Caixa Econômica acompanhando o cair das bolinhas com as dezenas salvadoras; mais uma vez nenhuma das dezenas da infeliz tabela foi premiada.
Só os banqueiros ganham infalivelmente em qualquer tipo e jogo de azar.

3 comentários:

João Cunha disse...

Seu Eduardo, gostei do tema e do foco escolhido.
Essa vai pro meu Sistema Pessoal de Convicções: "Só os banqueiros ganham".

Abraços, João F. A. Cunha

Claudia disse...

Olá, Eduardo. Adorei a frase inicial do texto. Gostei muito do texto também. Um abraço. Clau*

Nanete Neves disse...

Eduardo, adoro quando você conta histórias e principalmente gosto muito dos nomes escolhidos para os personagens. Assim como a sua, minha mãe também sempre me alertou para o perigo do jogo. Seu texto me fez voltar no tempo, e foi ótimo. Obrigada por isso!
PS: por essas e por outras aquele repórter disse que você era o chamego do nosso grupo...rs