A DONZELA DE ORLEANS
O palácio do Duque de Orleans estava engalanado. Comemorava-se o aniversário de quinze anos da duquezinha, jovem recatada que até aquela data tinha se dedicado apenas ao estudo e á religião.
O velho duque vinha de há muito tentando conseguir um esposo adequado para a jovem. Vários candidatos das mais nobres famílias da côrte foram sistematicamente recusados pela jovem que insistia em dedicar sua vida à Virgem.
Carruagens chegavam a cada instante, vindas de todas as partes do reino; eram duques, condes, barões, marqueses, enfim toda a nata da corte imperial.
Vinte uma horas, o baile ia animado com os pares dançando animadamente ao som de uma orquestra que tocava conhecida peça musical da época.
Stephanie, a duquezinha permanecia sentada num sofá, visivelmente enfastiada com toda aquela agitação.
A duquesa sua mãe insistia, inutilmente, a que aceitasse o convite dos rapazes para dançar.
Bela carruagem, puxada por dois pares de cavalos ricamente ajaezados chegou aos jardins do palácio.
Um jovem, esplendidamente vestido, desceu da carruagem e aproximou-se da entrada acompanhado de quatro lacaios.
Os recepcionistas do duque encarregados de receber os convidados deixaram-no passar sem questionamentos. Os acompanhantes do visitante voltaram, uns para a carruagem, outros ficaram perambulando pelo jardim.
O encarregado da recepção bateu três vezes no chão, chamando a atenção dos presentes para o recém chegado e anunciou: Sua Alteza Imperial Stanislaw, príncipe regente de Rostov .
A entrada do jovem é uma apoteose, todos pararam para ver aquele personagem desconhecido tão magnificamente vestido; seu porte majestoso e beleza física atraíram de pronto a atenção de todas as mulheres, os corações das jovens, principalmente, bateram com mais intensidade.
O jovem recém chegado dirigiu-se aos anfitriões cumprimentando-os Veio atraído pela informação sobre jovem donzela, bela e prendada que insistia em se dedicar à vida religiosa, privando o ducado de um possível herdeiro; estava à procura de uma esposa..
Os anfitriões à vista da possibilidade do casamento de sua filha única com aquele príncipe abriram-lhe as portas de seus corações e do palácio.
O velho duque apressou-se a apresentar o distinto personagem à filha. Tomou-o pela mão e levou-o à presença da duquezinha que continuava sentada, alheia ao que se passava ao redor.
-Minha filha, deixe-me apresentar Sua Alteza Imperial, o príncipe Stanislaw.
Stephanie ao levantar os olhos para o príncipe sentiu uma sensação extremamente desagradável ao olhar de pura cupidez do apresentado.
Um olhar profundo, hipnótico abalou a resistência da jovem. Stanislaw tomou-a pela mão e levou-a a dançar. O duque estremeceu de alegria.
Totalmente hipnotizada a jovem foi sendo levada para o jardim, colocada na carruagem e levada para fora do país.
Lá pela madrugada, sentindo falta do casal, soube pelos lacaios que ela seguira na carruagem com o príncipe.
Dois dias de viagem e a carruagem seguia agora por uma trilha íngreme, estreita e de cascalhos, em direção ao castelo de Stanislaw no alto de um morro afastado, na herdade de um país vizinho.
Uma semana se passou sem qualquer notícia da jovem. Policiais foram enviados aos países vizinhos à procura inútil da jovem. A família estava desesperada e nesse desespero procuraram bispo da região.
O bispo, confessor de Stephanie, era um senhor já entrado em idade e muito conhecido por sua santidade, após ouvir o relato do duque, fechou os olhos e em silêncio procurou se sintonizar mentalmente com a jovem.
_ O tal príncipe que se apresentou em seu palácio é na realidade um vampiro. Stephanie está neste momento em seu castelo sendo preparada para um ritual satânico.
_ Meu Deus, meu Deus! imploram os pais.
_Despache imediatamente policiais para o tal palácio. De minha parte vou rezar pela proteção da jovem; rezem também.
Os pais se retiram aflitos após serem informados da localização do tal castelo, mas confiantes nas providências do bispo.
A lua nova, daquele sábado se prenunciava especial no castelo daquela criatura maligna. Convidados chegavam de todas as partes.
Meia noite, Stephanie está inconsciente, estirada numa mesa de mármore negro. Em cada canto da mesa uma vela negra de sebo humano exalava um odor horrível. Rodeando a mesa treze vampiros aguardavam impacientes a hora do sacrifício. A disputa pelo sangue da jovem era grande; não seria suficiente para todos e todos estavam carentes desse alimento.
Ao fundo do salão um altar sobre o qual uma enorme figura vampiresca presidia o ritual. Nuvem fétida de uma composição secreta de ervas exalava de um fogareiro logo abaixo do altar. Música macabra era tocada por um quarteto de bruxas.
Um gongo dá sinal para o início da cerimônia. A música se torna frenética. O príncipe vampiro aproximou-se, baixou a cabeça em direção à jugular da vítima. Os vampiros convidados ficaram mais assanhados e impacientes, esperavam que seu chefe lhes deixasse algum sangue .
Relâmpagos, raios e trovões inesperados se fazem sentir naquele ambiente macabro
Numa nuvem de luz dourada surgiu majestoso o anjo protetor da jovem. O desespero tomou conta daquela assembléia satânica. O anjo levantou os braços e de suas mãos saíram como que centelhas de fogo destruindo todo aquele aparato infernal. Alguns convidados conseguiram fugir, outros estão espalhados pelo chão se contorcendo de dores. O falso príncipe, chefe daquele bando, está de pé incapaz de qualquer reação.
Os policiais, acompanhados do duque chegam para recolher os vampiros e se deparam com Stephanie ajoelhada aos pés do anjo, recebendo eflúvios de pura luz espiritual, e num momento de profunda religiosidade ajoelham-se e rezam. O anjo dirige seus raios de luz a todos.
Os vampiros remanescentes daquela orgia infernal foram levados à prisão.
A jovem foi recebida com festas em sua volta sã e salva ao palácio ducal, mas dias após, com as bênçãos de seus pais, bateu às portas do mosteiro dedicado à Virgem para dedicar sua vida a Deus.
F I M
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Um comentário:
Olá, Eduardo. Que legal seu texto. Começa como um conto de fadas, passa pelo terror, e termina com sua mensagem espiritual. Gostei. Clau*
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