DESORIENTADO
O ônibus segue em velocidade moderada. Num ponto adiante atende ao sinal de um novo passageiro.
Olho-o com curiosidade. É um senhor elegante aparentando uns sessenta anos, alto, magro, vestido como se fosse a uma festa: terno preto, camisa branca, gravata de uma cor indefinida, sapatos combinando com o terno; certamente um elemento de posses.
Estranho que tal elemento se sirva de um coletivo e resolvo observá-lo melhor.
_ Este ônibus vai até o cemitério? pergunta, aproximando-se do cobrador.
_ Sim senhor, é a primeira vez que vai lá?
_ Sim!
_ Lhe avisarei quando chegar.
_ Muito obrigado.
Minha curiosidade aumentou. Com certeza ia ao velório de alguém. Como estava à cata de um novo conto e nada de urgente a fazer resolvi segui-lo
Chegados ao cemitério, o cidadão dirigiu-se à administração. Adquirida a informação desejada: a localização do jazigo da esposa, para lá se dirigiu e eu, discretamente ao seu encalço
Procura aqui, procura acolá e por fim encontra o local desejado . Faz o sinal da cruz, e permanece em pé, fazendo talvez alguma oração, em seguida volta-se para mim, faz um aceno e mergulha no jazigo, desaparecendo de minhas vistas.
Um arrepio me envolve todo corpo e saio correndo, desorientado, para fora dali.
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2 comentários:
Que desfecho surpreendente, Eduardo. Adorei. Um abraço, Clau*
Eduardo, isso parece Alfred Hitchcock, puro e simples.
Fantástico.
Sady
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